Um escritor de Itabuna-Bahia para o mundo
Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. O casal teve mais três filhos: Jofre (1915), Joelson (1920) e James (1922).
Com apenas dez meses, vê seu pai ser ferido numa tocaia dentro de sua própria fazenda. No ano seguinte uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus. Em 1917 a família muda-se para a Fazenda Taranga, em Itajuípe, onde seu pai volta à lida na lavoura de cacau.
Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. O casal teve mais três filhos: Jofre (1915), Joelson (1920) e James (1922).
Com apenas dez meses, vê seu pai ser ferido numa tocaia dentro de sua própria fazenda. No ano seguinte uma epidemia de varíola obriga a família a deixar a fazenda e se estabelecer em Ilhéus. Em 1917 a família muda-se para a Fazenda Taranga, em Itajuípe, onde seu pai volta à lida na lavoura de cacau.
Em 1918, já alfabetizado por sua mãe, Jorge
retorna a Ilhéus e passa a freqüentar a escola de D. Guilhermina, professora que
não hesitava usar a palmatória e impor outros castigos a seus alunos. No ano de 1922
cria um jornalzinho, "A Luneta", que é distribuído para vizinhos e
parentes. Nessa época vai estudar em Salvador, em regime de internato, no Colégio
Antonio Vieira, de padres jesuítas.
A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo. Dois anos depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge, ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. A pedido de seu pai, seu tio Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.
A bela redação que apresentou ao padre Luiz Gonzaga Cabral, com o título de "O Mar", lhe rende elogios e faz com que o religioso passe a lhe emprestar livros de autores portugueses e de outras partes do mundo. Dois anos depois, seu pai vai levá-lo até o colégio após as férias. Despedem-se e Jorge, ao invés de entrar nele, foge. Viaja por dois meses até chegar à casa de seu avô paterno, José Amado, em Itaporanga, no Sergipe. A pedido de seu pai, seu tio Álvaro o leva de volta para a fazenda em Itajuípe.
É matriculado no Ginásio Ipiranga,
novamente como interno. Conhece Adonias Filho e dirige o jornal do grêmio da escola,
"A Pátria". Pouco tempo depois funda "A Folha",
que fazia oposição ao primeiro. No ano de 1927, passa para o regime de externato e
vai morar num casarão no Pelourinho. Emprega-se como repórter policial no "Diário
da Bahia". Pouco depois vai para o jornal "O Imparcial". Uma
poesia de sua autoria, "Poema ou prosa", é publicada na revista "A
Luva". Conhece o pai-de-santo Procópio, que o nomeará ogã (protetor), o
primeiro de seus muitos títulos no candomblé.
Reúnem-se em torno do experimentado
jornalista e poeta Pinheiro da Veiga os integrantes da Academia dos Rebeldes, grupo
literário do qual, além de Jorge, faziam parte Clóvis Amorim, Guilherme Dias
Gomes, João Cordeiro, Alves Ribeiro, Edison Carneiro, Aydano do Couto Ferraz, Emanuel
Assemany, Sosígenes Costa e Walter da Silveira. A Academia fazia oposição ao grupo Arco
& Flexa e pregava, no dizer de Jorge Amado, "uma arte moderna sem ser
modernista". Os trabalhos de seus integrantes são publicados nas revistas
"Meridiano" e "O Momento", ambas fundadas por eles.
Em 1929, começa a trabalhar em “O
Jornal” onde publica, sob o pseudônimo de Y. Karl, a novela "Lenita",
escrita em parceria com Dias da Costa e Edison Carneiro, que assinavam como Glauter Duval
e Juan Pablo.
No ano seguinte transfere-se para o Rio de
Janeiro para estudar. Conhece Vinicius de Moraes, Otávio de Faria e outros nomes
importantes da literatura. "Lenita" é editada em livro por A. Coelho
Branco Filho, do Rio de Janeiro.
Aprovado, entre os primeiros colocados, na
Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, em 1931, Jorge vê
publicado pela Editora Schmidt seu primeiro romance, "O país do carnaval",
com prefácio de Augusto Frederico Schmidt e tiragem de mil exemplares. O livro recebe
elogios dos críticos e torna-se um sucesso de público.
No ano de 1932, muda-se para um
apartamento em Ipanema com o poeta Raul Bopp. Conhece José Américo de Almeida, Amando
Fontes, Rachel de Queiroz (através de quem se aproxima dos comunistas) e Gilberto Freyre.
Sai a segunda edição de "O país do carnaval", desta vez com tiragem de
dois mil exemplares. Aconselhado por Otávio de Faria e Gastão Cruls, desiste de publicar
o romance "Rui Barbosa nº. 2"; para eles, o livro não passava de uma
cópia de "O país do carnaval". Viaja para Pirangi, na Bahia;
impressionado com a vida dos trabalhadores da região, começa a escrever "Cacau".
A Ariel Editora, do Rio, em 1933, publica
"Cacau", com tiragem de dois mil exemplares e capa e ilustrações de
Santa Rosa. O livro esgota-se em um mês; a segunda edição sai com três mil exemplares.
Entre a primeira e a segunda edição de Cacau, Jorge tem acesso, através de José
Américo de Almeida, aos originais de "Caetés", romance de Graciliano
Ramos. Empolgado com o talento do escritor alagoano, viaja para Maceió só para
conhecê-lo, iniciando uma amizade que duraria até a morte de Graciliano. Conhece também
José Lins do Rego, Aurélio Buarque de Holanda e Jorge de Lima. Torna-se redatorchefe
da revista "Rio Magazine". Casa-se em dezembro, em Estância, Sergipe,
com Matilde Garcia Rosa. Juntos, eles lançam, pela Schmidt, o livro infantil Descoberta
do mundo.
Em 1934, publica — também pela Ariel
— o romance "Suor". Trabalha na Livraria José Olympio Editora, do
Rio de janeiro, primeiro escrevendo releases e depois na parte editorial
propriamente dita; tendo influenciado na publicação de "O conde e o
passarinho", primeiro livro de Rubem Braga, e no lançamento de autores
latino-americanos como o uruguaio Enrique Amorim, o equatoriano Jorge Icaza, o peruano
Ciro Alegría e o venezuelano Rómulo Gallegos (de quem traduziu o romance "Dona
Bárbara").
Nasce sua filha Eulália Dalila Amado, em
1935. Escreve em "A Manhã", jornal da Aliança Nacional Libertadora,
pelo qual cobre a viagem do presidente Getúlio Vargas ao Uruguai e à Argentina. "Cacau"
é publicado pela Editorial Claridad, de Buenos Aires. Neste mesmo ano "Cacau"
e "Suor" seriam lançados em Moscou. Conclui o curso de Direito. Lança
"Jubiabá" pela José Olympio Editora.
Sofre sua primeira prisão em 1936, por
motivos políticos: acusado de participar do levante ocorrido em novembro do ano anterior
em Natal — chamado de "Intentona Comunista” — é detido no Rio.
Publica “Mar morto”, que recebe o Prêmio Graça Aranha, da Academia
Brasileira de Letras.
No ano seguinte faz papel de pescador no
filme “Itapuã”, de Ruy Santos, no qual também colabora com o argumento. Viaja
pela América Latina e depois vai aos Estados Unidos. Enquanto está fora, sai no Brasil
“Capitães da areia”. Quando chega a Belém, vindo do exterior, é
avisado pelo escritor paraense Dalcídio Jurandir do golpe de Vargas. Foge para Manaus,
mas lá é preso. Seus livros, considerados subversivos, são queimados em plena Salvador
por determinação da Sexta Região Militar. Segundo as atas militares, foram queimados
1.694 exemplares de "O país do carnaval", "Cacau",
"Suor", "Jubiabá", "Mar morto" e
"Capitães da areia".
Liberto, em 1938, o escritor é mandado
para o Rio. Muda-se para São Paulo, onde reside com Rubem Braga. Depois vai para a Bahia
e em seguida, Sergipe; aqui imprime uma pequena edição do livro de poemas “A
estrada do mar”, que distribui para os amigos. Estréia em dois consagrados
idiomas literários do Ocidente: "Suor " sai em inglês pela pequena New
America, de Nova York, e "Jubiabá" em francês pela prestigiosa
Gallimard.
Retorna ao Rio no ano de 1939. Exerce
intensa atividade política, em decorrência das torturas de presos e a desarticulação
do Partido Comunista. Torna-se redator-chefe das revistas Dom Casmurro e Diretrizes.
Inicia colaboração com a revista Vamos ler; que manterá até 1941. Compõe, com
Dorival Caymmi e Carlos Lacerda, a serenata "Beijos pela noite". O
escritor franco-argelino Albert Camus, futuro Nobel de Literatura (1957), escreve artigo
no jornal Alger Républicain classificando "Jubiabá" de
"magnífico e assombroso".
Diretrizes publica o primeiro
capítulo de "ABC de Castro Alves", em 1940, e edita também, em forma de
folhetim, a novela "Brandão entre o mar e o amor", iniciada por Jorge
Amado e continuada por José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Rachel de
Queiroz. Trabalha no jornal Meio-Dia.
Decide escrever, em 1941, um livro sobre
Luís Carlos Prestes, pensando numa possível campanha por sua anistia. Viaja para o
Uruguai a fim de recolher material; também faz pesquisas sobre o tema na Argentina.
Lança "ABC de Castro Alves", pela Livraria Martins Editora, de São
Paulo.
Publica em Buenos Aires "A vida de
Luís Carlos Prestes", em 1942. Embora editado em espanhol, o livro é vendido
clandestinamente no Brasil. Volta ao país, mas é preso ao desembarcar em Porto Alegre.
De lá é enviado para o Rio. Não permanece, porém, na então capital federal: a
polícia decide despachá-lo para Salvador, onde fica confinado.
1943 marca sua volta às páginas de O
Imparcial assinando a seção "Hora da guerra" e escrevendo pequenas
histórias na coluna "José, o ingênuo", que reveza com o jornalista e
escritor baiano Wilson Lins. Sai "Terras do sem fim", seu primeiro livro
a ser vendido livremente após seis anos de censura.
Em 1944, a pedido de Bibi Ferreira
escreve a peça "O amor de Castro Alves", mas a companhia teatral da
atriz é desfeita antes da encenação. Lança "São Jorge dos Ilhéus".
Desquita-se de Matilde.
Participa, em janeiro de 1945, na condição
de chefe da delegação baiana, do I Congresso de Escritores, em São Paulo. O encontro
termina com uma manifestação contra o Estado Novo. Jorge é preso por um breve
período juntamente com Caio Prado Jr. O Barão de Itararé apresenta o romancista a
Zélia Gattai na Boate Bambu, durante jantar em homenagem aos participantes do Congresso
de Escritores. Passa a viver em São Paulo, onde chefia a redação do jornal Hoje,
do Partido Comunista Brasileiro. Escreve também na Folha da Manhã. Torna-se secretário
do Instituto Cultural Brasil-URSS, cujo diretor era Monteiro Lobato. Sai no Brasil "A
vida de Luís Carlos Prestes", rebatizado de "O cavaleiro da esperança".
Em julho, passa a viver com Zélia. No mesmo mês participa, ao lado do poeta chileno
Pablo Neruda (que em 1971 ganharia o Nobel de Literatura), do comício de Luís Carlos
Prestes no Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Lança "Bahia de Todos os Santos".
É eleito, com 15.315 votos, deputado federal pelo PCB. Publica o conto "História
de carnaval" na revista O Cruzeiro. "Terras do sem fim"
sai pela respeitada editora A. Knopf, de Nova York.
No ano seguinte assume o mandato na
Assembléia Constituinte e passa a residir no Rio de Janeiro. Várias de suas emendas,
como a da liberdade de culto religioso e a que dispõe sobre direitos autorais, são
aprovadas. Lança "Seara vermelha", pela Martins e, pela Edições
Horizonte, do Rio de Janeiro, "Homens e coisas do Partido Comunista".
Entusiasmado com a leitura de "Jubiabá", chega à Bahia o fotógrafo e
etnólogo francês Pierre Verger, que acabaria se radicando em Salvador e se tornando um
dos amigos mais íntimos de Jorge Amado.
Publica, em 1947, pela Editora do Povo, do
Rio de Janeiro, "O amor de Castro Alves". É um ano de vários
acontecimentos na área do cinema para o escritor: a Atlântida compra os direitos de
"Terras do sem fim"; ele escreve os diálogos do filme "O cavalo
número 13", uma produção de Fernando de Barros e ainda o argumento de "Estrela
da manhã", que seria dirigido por Mário Peixoto, encarregado também do roteiro
(o filme acabou sendo feito, mas não por Peixoto). Nasce, no Rio de Janeiro, o filho
João Jorge.
Com o cancelamento, em janeiro de 1948, do
registro do Partido Comunista, o mandato de Jorge Amado é cassado. Sem assento na
Câmara Federal e tendo seus livros considerados como "material subversivo", o
escritor, ainda no mês de janeiro, parte sozinho em exílio voluntário para Paris. Em
fevereiro, sua casa no Rio é invadida por agentes federais, que apreendem livros, fotos e
documentos. Logo após o episódio, Zélia e o filho partem para Gênova, Itália, onde
Jorge os apanha, levando-os a residir com ele em Paris. É nesta ocasião que o escritor
trava amizade com Jean-Paul Sartre, Picasso e outros expoentes da literatura e da arte
mundial. Na Polônia, participa do Congresso Mundial de Escritores e Artistas pela Paz.
Com o título de "Terras violentas", estréia no Rio a adaptação da
Atlântida do romance "Terras do sem fim". Para comemorar o primeiro
aniversário do filho, escreve a história "O gato Malhado e a andorinha Sinhá".
Viaja pela Europa e União Soviética.
Em 1949, dirigindo-se para a
Tchecoslováquia, onde participaria de um congresso de escritores, sofre um acidente de
avião na cidade de Frankfurt, Alemanha; escapa ileso. Morre no Rio, "de
repente", conforme conta o escritor, sua filha Eulália.
Por motivos políticos, em 1950, o governo
francês expulsa Jorge Amado e sua família do país. O escritor, Zélia e João
Jorge passam a residir em Dobris, Tchecoslováquia, no castelo da União dos Escritores.
Realiza viagens políticas pela Europa Central e União Soviética. Escreve "O
mundo da paz", livro sobre os países socialistas.
No ano seguinte escreve o romance tripartido
"Os subterrâneos da liberdade" (Os ásperos tempos, Agonia da noite e
A luz no túnel). Sai no Brasil, pela Editorial Vitória, do Rio, o livro "O
mundo da paz" pelo qual Jorge Amado seria processado e enquadrado na lei
de segurança. Nasce em Praga sua filha Paloma. Recebe, em Moscou, o Prêmio Internacional
Stalin.
Vai à China e à Mongólia, em 1952. Volta
ao Brasil com a família fixando residência no apartamento de seu pai, no Rio de Janeiro.
Responde ao processo por "O mundo da paz". O juiz responsável pelo caso
arquiva o processo, dizendo que o livro "é sectário e não subversivo". Com a
aprovação, nos Estados Unidos, da lei anticomunista, o escritor é proibido de entrar
naquele país; seus livros também são vetados por lá.
Viaja à Europa, Argentina e Chile, em 1953.
Na última etapa do giro, é informado sobre a doença de Graciliano Ramos. Volta ao
Brasil para rever o amigo, que acabaria morrendo em seguida. Jorge Amado faz então
o discurso de despedida à beira do túmulo de Graciliano, a quem substitui na
presidência da Associação Brasileira de Escritores. Dirige a coleção "Romances
do povo", da Editorial Vitória; acabará fazendo este trabalho até 1956. Sai a
quinta edição de "O mundo da paz"; o escritor proíbe reedições da
obra, por acreditar que o livro "trazia uma visão desatualizada da realidade dos
países socialistas".
O romance "Os subterrâneos da
liberdade" é lançado em três volumes, em 1954. A trilogia provoca uma dura
reação dos trotskistas brasileiros, gerando polêmica com o jornalista Hermínio
Sacchetta (o "Abelardo Saquilá" do romance). Sai em Portugal, pela Editorial
Avante, um folheto de seis páginas assinado por Jorge Amado e Pablo Neruda, cujo objetivo
era contribuir para a libertação do líder comunista Álvaro Cunhal e marcar posição
contra o salazarismo.
De janeiro a março de 1955, permanece em
Viena. Em dezembro faz rápida viagem à Bahia.
É lançada, pela Ricordi brasileira, em
1956, a partitura de "Não te digo adeus", com letra de Jorge Amado e
música do músico e maestro amazonense Cláudio Santoro. Assume no Rio a chefia de
redação do quinzenário Para-todos, ao lado do irmão James, de Oscar Niemeyer e
Moacir Werneck de Castro, dentre outros. Sai do Partido Comunista, segundo explica,
"porque queria voltar a escrever". Jorge Amado diz que sabia desde 1954
das atrocidades de Stalin, denunciadas publicamente neste ano no XX Congresso do PCUS.
"Mas na realidade deixei de militar politicamente porque esse engajamento estava me
impedindo de ser escritor", afirma.
Viaja ao Oriente ao lado de Zélia, Pablo e
Matilde Neruda, em 1957. "Terras do sem fim" é lançado em quadrinhos.
Carlo Ponti, cineasta italiano, compra os direitos de "Mar morto"; mas o
filme não chega a ser realizado. Conhece a mãe-de-santo Menininha do Gantois, a quem
ficaria ligado até a morte dela, ocorrida em agosto de 1986.
Na tranqüilidade de Petrópolis, em 1958,
escreve "Gabriela, cravo e canela". O livro, publicado em agosto, esgota
20 mil exemplares em apenas duas semanas; até dezembro venderia mais de 50 mil
exemplares. Sai o disco "Canto de amor à Bahia e quatro acalantos de Gabriela,
cravo e canela", trazendo leituras de Jorge Amado e música de Dorival Caymmi.
No ano seguinte, "Gabriela"
coleciona prêmios: Machado de Assis, do Instituto Nacional do Livro; Jabuti, da Câmara
Brasileira do Livro e Luiza Cláudio de Souza, do Pen Club, são alguns deles. O romance
ultrapassa a casa dos 100 mil exemplares vendidos. Recebe em Salvador, do Axé Opô
Afonjá, um dos mais altos títulos do candomblé, o de obá orolu (também receberam tal
distinção o compositor Dorival Caymmi e o artista plástico Carybé). "Obá, no
sentido primitivo, é um dos doze ministros de Xangô", explica Jorge Amado.
Funda a Academia de Letras de Ilhéus. Lança na revista Senhor, do Rio de Janeiro,
a novela "A morte e a morte de Quincas Berro Dágua"; a idéia inicial
era que este texto, de 98 páginas datilografadas e escrito em dois dias, integrasse o
romance "Os pastores da noite". Naquela mesma publicação sairia o conto
"De como o mulato Porciúncula descarregou o seu defunto".
Na condição de vice-presidente da União
Brasileira de Escritores, Jorge Amado promove, com o então presidente Peregrino
Jr., o Festival do Escritor Brasileiro num shopping center de Copacabana, em 1960. A data
do evento, 25 de julho; acabaria sendo consagrada, por decreto governamental, como
"Dia do Escritor". Ciceroneia o casal Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir em
sua estada no Brasil.
Por unanimidade, é eleito, no dia 6 de
abril de 1961, em primeiro escrutínio, para a cadeira 23 da Academia Brasileira de
Letras, que pertencia a Otávio Mangabeira. No mesmo mês estréia na Tv Tupi do Rio de
Janeiro a adaptação de "Gabriela" feita por Antônio Bulhões de
Carvalho e com direção de Maurício Sherman; no papeltítulo da novela está Janete
Vollu de Carvalho e no de Nacib, Renato Consorte. A Metro Goldwin Mayer compra os direitos
de adaptação para o cinema de "Gabriela". Com o dinheiro, Jorge
adquire um terreno em Rio Vermelho, então na periferia de Salvador, e começa a construir
lá uma casa. Anos depois, o escritor recompraria do estúdio americano os direitos do
romance. Ele assegura que não se lembra mais de nenhum dos valores negociados com a
Metro. A posse na ABL acontece no dia 17 de julho; lá Jorge Amado é recepcionado
por Raimundo Magalhães Jr. Saí "Os
velhos marinheiros", livro que comporta as novelas "A morte e a morte de
Quincas Berro Dáguá" e "A completa verdade sobre as discutidas
aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso". É
eleito membro do Conselho da Presidência do Pen Club do Brasil. O presidente Juscelino
Kubitschek convida-o para ser embaixador do Brasil na República Árabe Unida; o escritor
recusa o convite. Homenagens no Rio, na Bahia e em outros estados por seus 30 anos de
atividade literária; sua editora, a Martins, lança um livro alusivo à data. A revista
francesa Les Temps Modernes publica a tradução de "A morte e a morte de
Quincas Berro Dágua".
Seu pai morre no Rio de Janeiro, aos 81 anos
de idade, em 1962. Cria a Proa Filmes, companhia de cinema cujo primeiro e único trabalho
é a adaptação de "Seara vermelha", com direção de Alberto D'Avessa e
estrelada por Marilda Alves; o filme estrearia no ano seguinte. Saí, pela gráfica O
Cruzeiro, o romance policial "O Mistério dos MMM", escrito por Jorge
Amado, Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, José
Condé, Guimarães Rosa, Antonio Callado, Orígenes Lessa e Rachel de Queiroz. Viagem a
Havana, a convite da União dos Escritores Cubanos.
"O cavaleiro da esperança"
é apreendido pela polícia, em 1963. Instalase na casa do bairro de Rio Vermelho (à
Rua Alagoinhas, 33), onde reside até falecer.
Lança
"Os pastores da noite", em 1964.
No ano seguinte
publica o conto "As mortes e o triunfo de Rosalinda" na antologia "Os
dez mandamentos", da editora Civilização Brasileira, do Rio de Janeiro. Graças
à intervenção de Guilherme Figueiredo, então adido cultural do Brasil na França,
Jorge Amado e sua família recebem autorização para poder entrar de novo naquele país.
A Warner Brothers adquire os direitos de filmagem de "A completa verdade sobre as
discutidas aventuras do comandante Vasco Moscoso de Aragão, capitão de longo curso".
Mais de mil
pessoas comparecem à primeira sessão de autógrafos de Jorge Amado em Portugal,
em 1966, na Sociedade Nacional de Belas Artes. O escritor chega aos mil autógrafos no
lançamento de "Dona Flor e seus dois maridos" na livraria Civilização
Brasileira, em Salvador. O romance sai com tiragem de 75 mil exemplares. Uma segunda
sessão de autógrafos é marcada na capital baiana para atender aos leitores que ficaram
de fora da primeira.
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