Segundo O presidente da CNPC, Wallace Setenta, o maior problema da lavoura é a falta de crédito
“Atualmente, o maior problema da lavoura cacaueira baiana é a dívida com agentes financeiros e a falta de crédito, não a vassoura-de-bruxa como se imagina”. A sentença foi proferida durante palestra pelo presidente da Central Nacional dos Produtores de Cacau (CNPC), Wallace Coelho Setenta, na sessão de abertura dos Seminários Técnicos do Centro de Pesquisas do Cacau, no auditório Hélio Reis de Oliveira, nesta sexta-feira, 25, na Superintendência da Ceplac na Bahia.
Para o dirigente da CNPC, a Ceplac e instituições parceiras desenvolveram tecnologias para manejo adequado da lavoura e controle da vassoura-de-bruxa e elevação da produtividade do agricultor e da produção. “Mas é preciso que o Governo reconheça, o endividamento impede novos financiamentos da produção e acesso a crédito. Aplicação tecnológica requer dinheiro e outros fatores como assistência técnica, insumos, etc. e o produtor está descapitalizado”, resumiu.
Na palestra “Encontro de Saberes: Cientificidade e Empirismo” Wallace Setenta disse ainda que a Ceplac tem de continuar liderando o processo de desenvolvimento da Região Cacaueira baiana. “A instituição é maior que os formuladores de políticas públicas do Estado e da União pelo que acumula de know-how. Ninguém jamais pensou a região como a Ceplac que deve liderar as formulações de planejamento e desenvolvimento regional”, sintetizou.
Também foi palestrante o pesquisador francês Didier Clement, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD), que abordou o tema “Biologia Avançada Aplicada ao Melhoramento Genético do Cacaueiro”. Em resumo disse que a Ceplac, o Cirad e a Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesec) têm se juntado a instituições internacionais de pesquisa para obter variedades de cacaueiros resistentes às doenças, ao estresse ou qualquer caracteres de interesse - agronômicos ou de qualidade - com o objetivo de melhoramento genético.
Didier realçou que o Programa de Melhoramento Genético do Cacau conseguiu, com o desenvolvimento de tecnologias do DNA, explorar a diversidade, identificar e caracterizar genes vinculados à expressão dos caracteres procurados. O pesquisador francês também apresentou slides sobre os principais resultados obtidos nas atividades de pesquisa realizadas pela parceria Ceplac-Cirad e do genoma do cacau em consórcio com instituições de pesquisa da Europa e Estados Unidos.
Na abertura, após a saudação da diretora-técnica do Centro de Pesquisas do Cacau (Cepec, Stela Dalva Vieira Midlej e Silva, o pesquisador da Ceplac Dan Lobão destacou o fato de a lavoura cacaueira baiana manter por mais de 250 anos, através do sistema cabruca, as principais espécies nativas e essências florestais da Mata Atlântica, além de incorporar outras espécies como seringueira e bananeira em sombreamento. “Atualmente se fala de sustentabilidade, mas o produtor de cacau já fazia, mesmo que empiricamente”, destacou.
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