(Augusto Gomes, iG São Paulo)
O cantor, pianista e compositor Johnny Alf morreu nesta quinta-feira (04), vítima de um câncer de próstata. A doença havia sido diagnosticada há três anos. Ele estava internado no hospital Mário Covas, em Santo André, na Grande São Paulo.
O velório vai acontecer na Assembleia Legislativa de São Paulo, nesta sexta-feira. Alf não tinha parentes e viveu seus últimos anos numa casa de repouso. Suas últimas apresentações ao vivo aconteceram no ano passado.
Nascido Alfredo José da Silva, Johnny Alf tinha 80 anos. Aprendeu a tocar piano aos nove anos de idade e desde a adolescência já mostrava interesse por compositores americanos como Cole Porter e George Gershwin. Suas primeiras músicas foram gravadas no início da década de 1950, quando adotou o nome de Johnny Alf.
Por causa da forte influência do jazz, sua obra é considerada precursora da Bossa Nova. Durante toda a década de 1950, apresentou-se em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Nessa mesma época, compôs músicas como "Céu e Mar" e "Rapaz de Bem", revolucionárias dentro da música brasileira da época.
Seu primeiro LP, Rapaz de Bem, saiu somente em 1961, quando a Bossa Nova já estava estabelecida. O atraso, aliado a sua personalidade tímida e à complexidade de suas músicas, fizeram com que ele nunca alcançasse a popularidade de um Tom Jobim. Seu maior sucesso é "Eu e a Brisa", lançada por Márcia no 3º Festival Internacional da Canção, em 1967.
Na última década, sucessivos problemas de saúde fizeram com que Alf se afastasse dos palcos. Desde 2007, ele vivia numa casa de repouso na Grande São Paulo. No início deste ano, para comemorar seus 80 anos, voltou a se apresentar ao vivo, em São Paulo.
Na ocasião, Alf se apresentou ao lado de Leny Andrade e Alaíde Costa, duas intérpretes constantes de sua obra. Aparentava um pouco de nervosismo - rouco por causa de uma forte gripe, ele pouco cantou. Compensou tocando seu piano com a elegância habitual.
Foi uma de suas últimas apresentações - ele ainda voltaria ao palco em maio, também em São Paulo. Mesmo fisicamente fragilizado - chegou a pedir desculpas à platéia pela voz ruim -, conseguiu emocionar o público que lotou os 600 lugares do teatro do Sesc Vila Mariana, que o aplaudiu de pé.
Quando Leny Andrade o saudou como um dos maiores artistas brasileiros, ninguém ali duvidou que ela falava a verdade.
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