VACINA EFICAZ
CONTRA AIDS
Uma vacina com a combinação
de cinco anticorpos, testada em ratos e fruto do trabalho do imunologista
brasileiro Michel Nussenzweig, conseguiu manter os níveis do vírus da
AIDS(HIV-1) abaixo dos detectáveis durante mais tempo que os tratamentos
atuais, informou na quarta-feira (24) o periódico Nature.
Este tratamento
experimental, composto por cinco potentes anticorpos monoclonais (idênticos
entre si porque são produzidos pelo mesmo tipo de célula do sistema
imunológico), foi desenvolvido pela equipe do cientista brasileiro e membro da
Academia Americana de Ciências na Universidade Rockefeller em Nova York.
O cientista administrou
os anticorpos em ratos "humanizados", que dispõem de um sistema
imunológico idêntico ao humano, permitindo que sejam infectados com o vírus
HIV. Estima-se que esta é uma fórmula que poderia evitar a infecção de novas
células.
Nussenzweig observou
que, desde que foi iniciado o tratamento, a carga viral tinha caído para níveis
abaixo dos detectáveis, e assim se mantiveram por até 60 dias após o término do
tratamento.
Em seguida, o cientista
comparou os resultados com os obtidos ao tratar ratos com uma combinação de
três anticorpos monoclonais e, também, com um tratamento baseado em um único
anticorpo.
Ao tratar os roedores
com uma vacina com três anticorpos, o HIV se manteve em níveis baixos até 40
dias após o fim do tratamento, enquanto a monoterapia só permitiu que o vírus
não fosse detectado durante o tempo em que o rato estava recebendo o tratamento
(cerca de duas semanas). "O experimento demonstrou que combinações
distintas de anticorpos monoclonais são eficazes na hora de suprimir a
replicação do HIV em ratos 'humanizados', por isso podem prevenir a infecção e
servir para o desenvolvimento de novos tratamentos", defendeu o
especialista em seu artigo.
Na atualidade, o
tratamento anti-retroviral em humanos consiste em combinar pelo menos três
drogas antivirais para minimizar o surgimento de vírus mutantes resistentes aos
remédios. No entanto, o HIV se armazena em uma espécie de "depósito"
ou reservatório viral, o que faz com que a carga viral do paciente se eleve
quando o tratamento farmacológico é interrompido, e o vírus volta a aparecer
depois de 21 dias.
Apesar dos resultados
promissores de Nussenzweig, ainda serão necessários testes clínicos que
permitam avaliar a eficácia do tratamento em humanos e medir os efeitos sobre a
infecção em longo prazo.
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