TIMOR-LESTE:
RESULTADO DE VOTAÇÃO DA CONSULTA POPULAR FOI NEGOCIADO
O líder da Fretilin e ex-primeiro-ministro de Timor-Leste, Mari Alkatiri, disse em Díli à Agência Lusa que o resultado da consulta popular, que conduziu há dez anos o país à independência, foi negociado para não humilhar a Indonésia.
“Soubemos que tinha havido uma negociação no sentido de reduzir a vantagem do voto pela independência, de 90 por cento para 70 e tal, para não humilhar demasiado a Indonésia”, afirmou Mari Alkatiri, que, em 30 de Agosto de 1999, se encontrava em Maputo, capital de Moçambique.
O secretário-geral da Fretilin, maior partido timorense embora actualmente na oposição, escusou-se a revelar quem protagonizou a negociação, limitando-se a dizer que esta decorreu em Jacarta e envolveu timorenses.
“Penso que [envolveu também] as Nações Unidas, mas não directamente os indonésios, porque eles não iam gostar disso”.
Alkatiri revelou estes elementos à Agência Lusa quando faltam dois dias para se celebrarem os dez anos da consulta popular, realizada a 30 de Agosto de 1999, na qual 78,5 por cento dos timorenses escolheram separar-se da Indonésia, abrindo caminho para a independência.
“Porque fazemos dez anos do referendo, já é tempo de divulgar esta informação. Se me perguntar se tenho documentos, escritos e assinados, vou-lhe dizer que não”, disse Mari Alkatiri.
“A verdade é que houve essa negociação no sentido de não humilhar a Indonésia”, insistiu.
“Diplomacia é assim mesmo”, comentou o secretário-geral da Fretilin. “Uma solução política, uma solução diplomática não é como uma solução armada. Tem de se encontrar caminhos, portas de saída para agradar a todos”, sustentou.
“Mas nem isso foi encontrado, porque depois a violência foi de tal ordem que Timor parece ter sido completamente destruído”, recordou o ex-primeiro-ministro, substituído no cargo há três anos, após uma grave crise institucional e de segurança no país.
O Governo actual, chefiado por Xanana Gusmão, resulta de uma aliança de maioria parlamentar estabelecida após as legislativas de 2007, e tem privilegiado as relações com o executivo de Jacarta.
“O mais importante é que a independência veio, foi restaurada, a Indonésia foi dos primeiros países a reconhecer essa independência e as relações entre os dois países só têm vindo a melhorar, ano após ano”, descreveu Mari Alkatiri.
“O resto”, concluiu, “pertence à história”. (Inforpress/Lusa/Fim).
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
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