Novas acusações fazem
parte de depoimento prestado por empresário mineiro à Procuradoria-Geral (Felipe
Recondo, Alana Rizzo e Fausto Macedo, de O Estado de S.Paulo)
O empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza disse no depoimento prestado em setembro à
Procuradoria-Geral da República que o esquema do mensalão ajudou a bancar
"despesas pessoais" de Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a uma série
de acusações, também afirmou que o ex-presidente deu "ok", em reunião
dentro do Palácio do Planalto, para os empréstimos bancários que viriam a
irrigar os pagamentos de deputados da base aliada.
Valério ainda afirmou
que Lula atuou a fim de obter dinheiro da Portugal Telecom para o PT. Disse que
seus advogados são pagos pelo partido. Também deu detalhes de uma suposta
ameaça de morte que teria recebido de Paulo Okamotto, ex-integrante do governo
que hoje dirige o instituto do ex-presidente, além de ter relatado a montagem
de uma suposta "blindagem" de petistas contra denúncias de corrupção
em Santo André na gestão Celso Daniel. Por fim, acusou outros políticos de
terem sido beneficiados pelo chamado valerioduto, entre eles o senador Humberto
Costa (PT-PE).
A existência do
depoimento com novas acusações do empresário mineiro foi revelada pelo Estado
em 1.º de novembro. Após ser condenado pelo Supremo como o "operador"
do mensalão, Valério procurou voluntariamente a Procuradoria-Geral da
República. Queria, em troca do novo depoimento e de mais informações de que
ainda afirma dispor , obter proteção e redução de sua pena. A oitiva ocorreu no
dia 24 de setembro em Brasília - começou às 9h30 e terminou três horas e meia
depois; 13 páginas foram preenchidas com as declarações do empresário, cujos
detalhes eram mantidos em segredo até agora.
O operador do mensalão
afirmou ter havido dois repasses, mas só especificou um deles, de
aproximadamente R$ 100 mil. Ao investigar o mensalão, a CPI dos Correios
detectou, em 2005, um pagamento feito pela SMPB, agência de publicidade de
Valério, à empresa de Freud. O depósito foi feito, segundo dados do sigilo
quebrado pela comissão, em 21 e janeiro de 2003, no valor de R$ 98.500.
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