segunda-feira, 2 de março de 2009

PANORAMA

Biografia
Ernesto Guevara de la Serna nasceu em 14 de junho de 1928, em Rosário, Argentina, primeiro dos cinco filhos de Ernesto Lynch e Celia de la Serna y Llosa, família de origem aristocrática, donos de terras. A mãe descendia do último vice-rei do Peru e casou com Ernesto (pai), estudante de arquitetura, em 1927.
Celia teria papel importante na formação de Che, só inferior ao de Fidel Castro, conforme o biógrafo. Mesmo de educação católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda, sempre cercada de mulheres politizadas. Ela é que cuidaria da educação do primogênito, o pai era muito amigo dos filhos, mas era mais distante e gostava da vida boêmia. Passaria para o filho porém, o gosto pelos esportes.
Che nasceu de oito meses, aos quarenta dias de vida teve pneumonia e antes dos dois anos já sofria a primeira crise de asma.
A família mudava muito de cidade, em busca de um clima melhor para o garoto, até parar em Alta García, na região serrana de Córdoba, onde ele vai crescer. Ficava muito em casa, até de cama, por causa da asma, e assim começou a gostar de literatura: Julio Verne, Cervantes, García Lorca e outros clássicos passam a fazer parte de seu universo.
Era bom aluno, estudando em escola pública, freqüentada por meninos da cidade e da roça, remediados e pobres, e sempre teve facilidade imensa de relacionamento com os outros, já exercitando sua capacidade de liderança.
A adolescência será marcada fortemente pela Guerra Civil Espanhola e depois pela Segunda Guerra Mundial, quando o pai forma a Ação Argentina, organização anti-fascista em que inscreve o filho.
Em Córdoba começa a jogar rúgbi, tênis, golfe, além de se dedicar à natação. Nessa cidade fica amigo dos irmãos Tomás e Alberto Granado, colegas de colégio com os quais viverá grandes aventuras. No colégio, revela-se bom em literatura e filosofia e medíocre em matemática e química - em música e física, um desastre, conforme seu boletim da 4ª série. Desde então é um grande enxadrista, brilhando nos tabuleiros da Olimpíada Universitária de 1948. Aí já terminara os estudos secundários, em 1946, e a família se mudara para Buenos Aires. Pensava em estudar engenharia, mas a morte da avó, à qual era muito ligado e de quem assiste à morte, leva-o a decidir-se pela medicina.
Aos dezoito anos alista-se no serviço militar obrigatório, mas é dispensado por causa da asma, sorte para um jovem de família anti-peronista (o exército argentino era então o grande reduto de Perón).
Namorador, atrevido e divertido, não pertenceu a nenhuma organização estudantil. Sempre foi relaxado com roupas, camisa fora da calça, sapatos desamarrados e um fascínio por viagens o levaria, em 1949, aos 21 anos, a percorrer, mochila às costas, o norte argentino numa bicicleta motorizada que ele próprio desenhou e construiu. Em dezembro do ano seguinte, inscreve-se como enfermeiro da marinha mercante da Argentina e viaja em petroleiros e cargueiros para vários países, inclusive o Brasil.
No começo de 1952, fará com Alberto Granado, o melhor amigo, sua primeira viagem, 10.000 quilômetros, numa Norton 500 que apelidou de "La Poderosa II". Durante oito meses, percorreram cinco países e a aventura marcará sua ruptura com os laços nacionais. Vai a Machu Pichu, vai navegar o Amazonas de balsa, vai atravessar o deserto de Atacama, conhecerá mineiros comunistas e povos indígenas. Dessa viagem ficará um diário que vai virar grande sucesso editorial e pelo qual se nota sua crescente politização e o choque que lhe provocam a pobreza, a injustiça e a arbitrariedade que encontrou pelo caminho. O hábito de escrever diários irá acompanhá-lo até seus últimos dias, na Bolívia.
Em agosto de 1952 decide regressar a Buenos Aires para terminar o curso de medicina, formando-se em junho de 1953. Não deixa passar um mês e já pega a estrada, dessa vez com outro amigo, Calica Ferrer. Está com 25 anos e não voltará mais para a Argentina. Vai para a Venezuela, com parada na Bolívia, por ficar mais barata a passagem do trem. Fica cinco semanas em La Paz, e assiste ao país vivendo o primeiro ano do governo reformista de Paz Estensoro, o que valerá a Che um aprofundamento político que os biógrafos consideram de vital importância para seu amadurecimento, embora venha depois a desencantar-se com os rumos tomados pelo governo dito revolucionário. Segue então para a Guatemala, passando pela Costa Rica, onde faz contatos políticos e onde sua vida começa a dar guinadas definitivas: conhece em San José dois cubanos exilados que haviam escapado da célebre tentativa de tomada do Quartel Moncada, em 26 de julho de 1953. Os dois lhe contam a espetacular porém malograda ação de Fidel Castro buscando derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista a partir do assalto ao quartel da segunda maior cidade cubana, Santiago. Fica amigo dos dois -Calixto García e Severino Rossel- e comm eles irá para a Guatemala, onde será apresentado a outros cubanos, no final de 1953. Guevara está então com 26 anos, é admirador da URSS e deseja se inscrever a um partido comunista de qualquer país que seja, enquanto trabalha como médico para sindicatos guatemaltecos, reunindo ainda mais experiência à sua sólida bagagem ideológica.
Vai permanecer quase nove meses na Guatemala e conhecer Hilda Gadea, militante política peruana que mais tarde tornará sua primeira mulher. Passa apertos, não consegue exercer a medicina, e tem de vender enciclopédias de porta em porta. O país está passando por grande reforma, conduzida pelo presidente eleito (era o segundo na história) Jacobo Arbenz, que ao tocar nos interesses da poderosa United Fruit Company é derrubado do poder por iniciativa de Washington e com o apoio da OEA, em junho de 1954. Che, por sua atuação nos sindicatos, é informado de que corre perigo e se anistia na embaixada argentina. Hilda é presa, mas logo é solta e ambos sairão legalmente do país.
Toma a decisão de ir para o México, com Hilda já grávida, lá se casam em agosto de 1955 e têm uma filha, Hilda Beatriz, Hildita.
No México, onde vai ganhar o apelido de Che, por usar a expressão sempre que fala com os outros, Guevara compra uma máquina fotográfica e começa a ganhar a vida fotografando turistas nas ruas da capital, Cidade do México. E é até contratado por uma agência noticiosa argentina para cobrir os Jogos Pan-Americanos de 1955, que se realizam no País. Ao mesmo tempo, escreve artigos científicos sobre sua especialidade, alergia.
Em junho, é apresentado a Raúl Castro, líder estudantil cubano recém-saído da prisão em Cuba. Poucos dias depois chega o irmão de Raúl, Fidel, em 8 de julho de 1955, que Raúl apresenta a Che. Fidel passara um ano e dez meses preso na ilha de Pinos, Cuba, pelo episódio do Quartel Moncada. Fora anistiado por Batista, a quem derrubaria, com Che, Três anos depois. Chegava ao México para dali dar início à insurreição contra a ditadura em Cuba, instalada desde o golpe militar de 1952.
O treinamento para a luta armada em Cuba começa no México e Guevara se inscreve em setembro, dois meses após conhecer Fidel.
Na madrugada do dia 25 de novembro de 1956, zarpa do porto mexicano de Tuxplan o iate Granma, com capacidade para vinte passageiros, levando 82 guerrilheiros, entre eles Che Guevara, encarregado de atender os eventuais feridos no desembarque em Cuba.
De 1956 a 1958 participa da guerra popular que se desenvolve em todo país contra a ditadura de Fugênico Batista. O movimento armado iniciou na Sierra Maestra, mas se alastra por todo o país, com ampla participação popular. A liderança do processo revolucionário estava organizada pelo movimento de 26 de julho. E havia também a participação do Partido Socialista Cubano(fundado por José Martí) e pela Frente Estudantil Revolucionária. Che, que havia sido recrutado para ser médico, vai se destacando nas atividades e se transforma em comandante, sendo responsável pela coluna que tomou Santa Clara(uma das principais cidades do país).
Em 1959 ocorre o triunfo da revolução cubana. O ditador Fugêncio Batista foge do país, e iniciam-se as transformações sociais em Cuba, com a reforma agrária, a reforma urbana, etc... Che participa do novo governo, ocupando cargos como Ministro de Indústria e Comércio, Presidente do Banco Central, etc...
Nos anos 1960/64 participa ativamente do processo de construção do socialismo em Cuba. Ocupa diversos cargos públicos. E defende sobretudo a idéia dos mutirões populares, e do trabalho voluntário como forma de resolver rapidamente os principais problemas do povo cubano. Assim, participa de mutirões de construção de casas populares, de escolas, mutirões de colheita de cana, etc...
No ano de 1964, a participação de Che no Plenária da ONU teve enorme repercussão internacional, após um discurso anti-imperialista e de apoio à luta do Vietnã.
Em 1965 renuncia a todos os cargos no governo de Cuba. Parte com um grupo de revolucionários cubanos, para o Congo, para ajudar o movimento revolucionário daquele país, onde a ditadura imposta pelos Estados Unidos havia assassinado recentemente Patrício Lumumba, o principal dirigente daquele país. A correlação de forças era muito inferior, e Che regressa para a América Latina. (Os revolucionários do Congo seguiram sua luta, mas somente recentemente, conseguiram derrubar o Ditador do Zaire, e implantaram uma democracia popular).
No ano de 1966, parte para a Bolívia para incorporar-se ao movimento revolucionário.
No dia 8 de outubro de 1967, é preso no povoado de La Higuera, interior da Bolívia.
No dia 9, aprisionado, via-se frente a frente com o sargento Mario Terán, que se apresentou voluntariamente para a tarefa de fuzilar o guerrilheiro, e no interior de uma pequena escola rural, Che Guevara estava morto.Tinha 39 anos!

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