quarta-feira, 1 de julho de 2009

PRESIDENTE DO SENADO JOSÉ SARNEY RECUSA PROPOSTA DE RENÚNCIA

MÔNICA BERGAMO
colunista da Folha de S.Paulo

O presidente José Sarney (PMDB-AP) convidou todos os senadores do PT para uma reunião de emergência em sua casa. Pelo menos oito parlamentares estão se dirigindo agora para a residência dele, no Lago Sul.

Sarney não aceitou a proposta do partido de se licenciar por 30 dias do cargo. E devolveu a sugestão com um ultimato: se todos querem, ele então renuncia ao cargo.

A proposta é péssima para o governo pois entrega o comando do Senado, de imediato, ao PSDB. E mergulha o Senado em uma campanha para eleger o sucessor de Sarney que pode aumentar a crise e paralisar o parlamento.

A cartada de Sarney colocou o PT contra a parede. "A renúncia significa uma nova eleição e uma nova disputa no Senado. E o governo, o presidente Lula, já nos passou a sua visão de que o quadro ficará muito complicado se isso ocorrer", diz o senador Paulo Paim (PT-RS).

"O [senador Aloizio] Mercadante levou ao Sarney hoje pela manhã a nossa proposta de que ele se licenciasse por 30 dias enquanto uma comissão suprapartidaria faria propostas para reformar o Senado, diminuir gastos e aumentar a transparência. E voltou de lá dizendo que o Sarney está muito magoado. E que a possibilidade de ele se licenciar não existe. Se for assim, ele prefere renunciar", diz Paim.

De acordo com Paim, eles vão agora à casa de Sarney conversar mais uma vez e só tomarão uma posição definitiva depois da volta de Lula ao Brasil.

Na Líbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou que não apoia o afastamento de Sarney. Ele disse que a oposição quer ganhar a presidência do Senado no tapetão.

"É importante para o DEM e PSDB, que querem que ele [Sarney] se afaste para o [senador] Marconi Perillo [PSDB-GO] assumir, o que não é nenhuma vantagem para ninguém. A única vantagem é para o Marconi Perillo e para o PSDB, ou seja, que quer ganhar o Senado no tapetão. Assim não é possível. Isso não faz parte do jogo democrático", disse Lula em Sirte, na Líbia, onde participou da cerimônia de abertura da Cúpula da União Africana.

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